O que é a “Internet Morta”: o conceito por trás de uma web que parece cada vez mais artificial
O termo “Internet Morta” vem ganhando força nos últimos anos para descrever uma sensação comum entre usuários: a de que a internet, antes diversa, criativa e feita por pessoas reais, está sendo lentamente substituída por um ecossistema controlado, automatizado e dominado por grandes corporações e inteligências artificiais.

A origem da ideia
A expressão “Dead Internet Theory” surgiu por volta de 2021 em fóruns como 4chan e Reddit.
A teoria, em sua forma mais radical, afirmava que boa parte do conteúdo online seria gerado por bots e IA, e que a web teria perdido seu caráter humano.
Com o tempo, o conceito se popularizou não como uma teoria da conspiração, mas como uma crítica social: uma leitura simbólica sobre o quanto a internet se tornou previsível, centralizada e movida por algoritmos.
O que caracteriza a “internet morta”
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Centralização extrema — Poucas empresas concentram quase todo o tráfego e os dados: Google, Meta, Amazon, Apple, Microsoft e X (ex-Twitter) dominam o espaço digital.
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Conteúdo automatizado — Postagens, notícias e até comentários são cada vez mais gerados por IA, o que dilui a autenticidade e cria um mar de informações repetidas.
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Algoritmos como filtro da realidade — Plataformas definem o que vemos, o que é “tendência” e o que desaparece do feed, moldando a percepção coletiva.
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Perda de espontaneidade — A internet criativa dos blogs, fóruns e comunidades independentes cedeu lugar a redes homogêneas, onde todo conteúdo segue padrões para “performar”.
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Economia da atenção — Cada clique é monetizado. A web se tornou uma vitrine otimizada para retenção e venda, não um espaço de troca genuína.
A influência da inteligência artificial
A ascensão da IA acelerou esse processo.
Ferramentas que geram textos, imagens e até perfis automatizados transformaram a paisagem digital.
O resultado é uma superprodução de conteúdo sintético que preenche as redes, mas muitas vezes sem alma, sem contexto e sem autoria real.
Paradoxalmente, a IA também é o que mantém a “internet viva” em escala — moderando comentários, traduzindo conteúdos, e otimizando buscas.
Ou seja: a internet não está “morta” literalmente, mas está viva demais para ser humana.
O papel das grandes plataformas
As corporações de tecnologia se tornaram os “gatekeepers” da experiência online.
A promessa de uma rede aberta e livre deu lugar a um ecossistema de jardins murados: cada plataforma dita as regras, limita o acesso e controla o que pode existir dentro de seus domínios.
A recente decisão da Meta de banir IAs de uso geral, como o ChatGPT, do WhatsApp Business é um exemplo disso — uma tentativa de manter o controle sobre o tipo de inteligência que circula em seu ambiente.
A internet ainda pode “reviver”?
Talvez o oposto da internet morta não seja uma “nova internet”, mas uma redescoberta da internet viva — feita por pessoas, ideias e interações autênticas.
Projetos descentralizados, redes independentes, comunidades open source e criadores que ainda priorizam o conteúdo real são os sinais vitais dessa web que insiste em pulsar.
Em resumo:
A “internet morta” não é um colapso tecnológico, mas um sintoma de excesso de automação, centralização e previsibilidade.
O desafio agora é simples, mas profundo: como manter a humanidade dentro de um mundo cada vez mais digitalizado e mediado por máquinas?
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